segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Internacionalização da Amazônia

Em uma debate numa universidade americana , Cristovam Buarque, ex-governador de Brasilia, foi perguntado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. Quem perguntou disse que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Esta foi a resposta de Cristovam Buarque:
"como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.
Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se sob a ética humanista, a Amazonia deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro.
Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrarias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar que esse patrimônio cultural, como patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietario ou de um país.
Neste momento, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mais alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos Estados Unidos. Por isso, eu acho que Nova Iorque, como sede das nações unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasilia, Recife, cada cidade, com sua beleza especifica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os Estados Unidos querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixa-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos Estados Unidos. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentaveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os candidatos a presidência dos Estados Unidos tem defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da divida. Comecemos usando esta divida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de comer e de ir a escola. Internacionalizemos as crianças pobres do mundo como um patrimônio da humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, ou que moram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a amazônia seja nossa, só nossa!"

Cristovam Buarque, senador pelo Distrito federal, foi ministro da educação no primeiro ano do governo Lula, escreveu vários livros sobre educação, sociologia, história e econômia.


Este resposta do Cristovam foi publicada no New Yorque Time, no Wasghinton Post, nos maiores jornais da Europa e no Japão em Agosto de 2001, e não foi publicada no Brasil. Só tomaram conhecimento deste discurso quando o então senador foi candidato a presidência em 2006.
Vejam meu amigos como este país é medíocre, um discurso desta magnitude e a imprensa brasileira não dar o devido valor.

Um comentário:

Priscila disse...

A Amazonia é nossa! Sem essa se internacioná-la!

http://belverede.blogspot.com/

Pri